sexta-feira, 23 de maio de 2014

E.V.O - Search for Eden (SNES) - o jogo evolucionista mais Darwinista de todos


SAAAAAUDAÇÔES frequentadores deste tubo nostálgico de elétrons, tomem logo seus lugares que o papo de hoje vai ser sobre a Origem da Vida. Não, não estou falando daquela adaptação MEDONHA do Tomb Raider para os cinemas que só se salva pela Jolie dando pulinhos anti-leis da física. Tô falando de Evolução das Espécies mesmo, aquilo que sua avó não quer que você aprenda na escola porque ela acha que o homem foi criado de uma argila com super poderes. MAS CALMA LÁ! Antes de me pregar na cruz da intolerância religiosa e me fazer de escudo contra hordas de

beatas carolas, passe antes ali no balcão e retire seu caneco de hidromel (ou toddynho) e senta aqui que lá vem história. 
Pra quem não sabe, segunda feira foi meu aniversário. Isso tem nada a ver com a matéria, eu só queria dizer mesmo. Pode deixar os parabéns nos comentários, obrigado.
Voltando ao texto.
Nos tempos áureos da vida (conhecido em consenso como infância), quando empunhar um controle de videogame era algo falicamente significativo, e não existiam essas viadagens de Kinect pra fazer você se sentir um retardado mental na sua sala de estar, naquela época de ouro quando a sua irmã mais nova tropeçava nos fios, existia um jogo no mínimo estranho chamado E.V.O. Era tipo o lado b do lado b, as letras miúdas no contrato do capeta. O jogo era odiado pela maioria pelo seu nível de, digamos, complexidade estrutural.
Primeiro de tudo, pega ai uma mãozada de salgadinhos de isopor sabor chulé de velha e escuta só a ficha criminal do jogo:


E.V.O. (abreviação para evolução, caso você nunca tenha assistido Jurassic Park na vida) a busca pelo Eden, foi lançado em 1992, com o slogan nada modesto de “A História de 4,6 Bilhões de Anos: Até o Distante Éden”, criado pela Almanic Corporation e pela Enix, no estilo plataforma em 2D (é o que tinha na época, rapazes. Rayman Origins é meu aparelho reprodutor de óculos), 
Só pra vocês se situarem ai, o começo dos anos 90 foram os anos em que mais se produziu jogo sem cérebro na face desse planeta azul. Pipocavam beat'n'Ups por todos os lados, e cada boteco de Belo Horizonte até Shangai tinha seu fliperama devora-fichas com algum jogo descerebrado de esmagar botões como se não houvesse amanhã. Então, eis que surge, no sapatinho e sem muito barulho, essa belezinha. Que claro, ninguém sacou porra nenhuma do que se tratava. Imagine apenas que um belo dia seu pai traz pra casa uma fita de super nintendo a mais pra sua coleção, pra ver se você para de passar o dia inteiro no campinho batendo (ou apanhando) dos coleguinhas do bairro. Daí você, infante e animado até a medula, assopra o cartucho e enfia no seu velho nintendão. Daí começa o jogo mais estranho que sua alma inocente havia visto até aquele momento, apesar das tentativas da Xuxa de mostrar os peitos em seus programas infantis. 
Naquela época, é claro, eu não fazia a mais remota ideia do que diabos era evolucionismo, Charles Darwin. Menos ainda saberia dizer o que era Evolução das Espécies. Estávamos todos mais interessados no próximo episódio do Shurato que qualquer outra coisa na vida. 
Esse joguinho conta (de uma forma muito fantasiosa e divertida) a história da evolução das espécies. Tomou belas liberdades poéticas pra fazer a coisa ficar... hmm.... divertida. Minimamente, ao menos. Seus gráficos são agradáveis e é legal de ser jogado, sua música é um pouco irritante, mais isso é normal em um jogo mediano daquela época. Claro que eu não me importava, meus ouvidos foram educados ouvindo os blips e blops rítmicos do Master System. Ouvir a placa de som do Snes era como ouvir um anjo cantar no chuveiro. 
No jogo, Você atravessará vários períodos de tempo da história do planeta e controlará vários seres, podendo evoluí-los livremente, criando criaturas bem bizarras e estranhas. Sério. Você começa controlando uma espécie de cocozinho desengonçado e pode virar coisas saídas dos pesadelos ou lindos pôneis lésbicos. Porque no jogo, você vai evoluindo da forma que desejar. Já seus inimigos são criaturas bem reais, como peixes, dinossauros, e mamíferos (que, obviamente, vão surgindo na medida que você avança nos períodos evolutivos). Uma coisa na qual não gostei é a história. Eles tiveram uma boa ideia inicial, mas não levaram ela até onde poderiam, penso eu. Você vai evoluindo, evoluindo, evoluindo... subindo na cadeia alimentar. Chega num ponto que esse negócio de só evoluir fica meio chato. Obviamente, se você passa 300 horas por mês upando personagens no seu RPG preferido, então vai amar esse negócio de matar pra ganhar XP e poder evoluir. Mas sei lá, pra mim isso meio que cansa depois de um tempo. Mas a animação acaba voltando quando consigo colocar um novo chifre, ou novas patas... ou um rabo com força suficiente para derrubar aqueles malditos mamíferos dos infernos.

Ponto forte do jogo? Já falei. É bem legal evoluir e matar os inimigos. Mas legal mesmo nem é matar os inimigos, é ficar explorando as possibilidades de combinações das partes evoluídas. É tipo brincar de lego. Só que com a bênção de Darwin.
Ponto Fraco: Vários mapas são inúteis e sem graça, os monstros são mal misturados. Parece que você está jogando RPG com algum lunático bipolar mestrando. Por exemplo, muitos animais só aparecem em uma fase. Daí você pensa: "Poxa, esse bicho vai ficar super bacana mais pra frente quando evoluir, vai dar um trabalho matar ele" - dai sabe o que acontece? O bicho nunca mais volta em nenhuma parte do jogo. É frustrante... é como se apenas você evoluísse e os inimigos, por mais adaptados que sejam, simplesmente desaparecem do ecossistema. Darwin chorou quando viu isso.

Resumindo? o jogo é interessantíssimo. Tem gráficos bem abaixo do que já rolava na época, mas mecanicamente, é bem atrativo. Como já citei, é o jogo menos indicado do mundo para os jogadores sem cérebro, porque obriga você a calcular as melhores combinações, as melhores estratégias... pra não virar alimento dos predadores. No jogo tem aliens? Você evolui até a raça humana? É possível virar um unicórnio?
Só jogando para saber. Eu aconselho. É um jogo que se passa num mundo hostil, bem antes dos humanos pisarem na primeira plantinha e chutarem a primeira lixeira. Bons tempos aqueles!