sexta-feira, 30 de maio de 2014

DIno Crisis - Quando Survivor Horror ainda dava medo (Playstation)

Saudações cambada de desocupados devoradores de Toddynho com chips sabor isopor que passam as tardes no facebook em vez de arrumar um emprego decente e começar a lavar as próprias cuecas! CAWABANGA! Está no ar o seu compêndio semanal de nostalgias gamísticas e o seu poço de velharias preferido desde o sótão assombrado da casa da sua avó! Se liga aí e vai equipando a rocket laucher que hoje a aventura é outra! Vamos matar os dinossauros poligonais do Playstation, naquela época em que o termo Horror de Sobrevivência ainda significava alguma coisa! Então se prepara, força no suquinho Tang, que a aventura só começa quando você apaga as luzes, reúne os amigos, coloca um pratinho de bolacha Maria na roda e aperta o START.
HOJE em dia, nesse estranho ano de 2014, é muito comum encontrar jogos com toda aquela atmosfera de tensão, horror e medo. Claro, por uma razão bastante simples: Hoje é possível fazer isso. hoje temos recursos digitais e gráficos capazes de rodar um jogo que seja perfeitamente igual a um filme. Aliás,  não fique espantado se o jogo rodado for MAIS assustador que muitos filmes. A capacidade de imersão do jogador dentro do clima do  game é algo muito bem aproveitado hoje em dia. Não me estranharia se um possível filme de Amnesia: The Dark Descent ficasse uma bosta, nem de longe tão bacana quanto o jogo. Não foi uma sugestão. Não façam um filme sobre Amnesia. Mas se fizerem, não deixem de jeito NENHUM o Uwe Boll chegar perto disso (não sabe quem é  Uwe Boll? está melhor assim, acredite. você é feliz e nem desconfia).
Então, resumindo a parada pra saltar logo ao que interessa: Os jogos hoje são
de qualidade cinematográfica, mas sabemos que as coisas nem sempre foram assim. Confia no tio e vamos voltar para os tórridos final dos anos 90, quando o mundo dos videogames disseram adeus aos cartuchos e disseram um HI, MOTHERFUCKER para a nova mídia que surgia no pedaço: O compact disc. Sim, é claro que o CD já existia antes do Playstation, porque você tinha um cd pirata do "É o Tchan Na Selva" que não lhe deixa mentir.  Mas to falando de videogame, parceiro, e antes do PS, a galera só vivia de soprar cartuchos.
Pois vá lá, acompanhe comigo: No meio dos anos 90, não existiam muitos jogos de terror. Não terror mesmo, de borrar as botas. A gente tinha nos 16 bits jogos que tinham um CLIMA de terror, talvez coisas mais sombrias, tipo Splatterhouse do Mega Drive (pra mim era o jogo do Jason e foda-se). Ou jogos como Chakal (também Mega Drive). Coisas assim. Mas nada que tiraria seu sono. Esses games mais "terror" existiam mesmo só no PC do seu primo rico. Jogos como Alone in The dark, só pra citar o que criou o gênero. Mas com o advento do Playstation no mercado dos games e a proliferação endêmica da pirataria no Brasil, caíram no nosso colo (ou no colo das locadoras onde você pagava 1 real pra alugar a hora) as grandes revoluções dos jogos de terror: Resident Evil, cria da Capcom - que enfim, sabia fazer algo mais que beat'n'up's e jogos de luta -  e também o fodasticamente lindo Silent Hill - que saiu das entranhas estranhas da KONAMI. Nessa leva de games, surgiu muita gente explorando os novos recursos, inclusive narrativos, do poderio dos CD's, e claro, do Playstation. A vida ficou mais divertida, senhores. A gente se esmurrava pra pegar lugar na locadora (locadora de games é como uma lan-house da idade das pedras, crianças). Eu era um menino comportado (relativamente) o ano inteiro só para ganhar um Playstation no Natal. Eu chamava de videogame de cd mesmo. Mas nunca ganhei um no Natal. Talvez eu não fosse um moleque tão comportado quanto imagino.
MAS o que interessa é que do mesmo criador visionário que nos presenteou com Resident Evil, o japonês Shinji Mikami, lá na CAPCOM, veio ao mundo, pouco tempo depois naqueles primeiros movimentos tridimensionais dos games, um jogo chamado Dino Crisis.  Tem o nome de ディノクライシス no Japão (hehe), é um jogo lançado em 1999. Mesmo ano de Silent Hill, e não é coincidência. As duas empresas viviam se esbofeteando pra ver quem dominava o mercado de Survivor Horror. O jogo segue o mesmo elemento assustador do Resident Evil, com a mesma atmosfera opressora e solitária. Aquela sensação de vazio e isolamento que você sentia jogando RE. Sabe quando voce atravessava um corredor ouvindo gemidos zumbizescos do outro lado do portão, tendo como companhia apenas o ecoar dos seus passos e uma pistola de mão com duas balas e meia (meia porque você comeu metade dela pra tentar recuperar alguma migalha de vida)? Inclusive a jogabilidade é a mesma, o estilo gráfico é o mesmo (gráficos pre-renderizados, fixos. Apenas seu personagem transita e "interage" com ele. O que proporciona gráficos lindos e realistas para a época, diga-se de passagem).
É o seguinte Troquem os zumbis por dinossauros. Pronto. Tira aquela angústia romeriana do RE, aqueles lamentos e gemidos nos becos sujos.... troque isso por uma selva, um complexo militar minimamente futurista e povoe cada moita se mexendo com um maldito dinossauro. Sim. Em vez daqueles gemidos medonhos dos zumbis, você agora irá ter pesadelos com rugidos poderosos, garras afiadas e bocas enormes cheias de dentes pontiagudos. Influencia do Jurassic Park, filme de 93? você acha?
Dino Crisis foi originalmente lançado para PlayStation. Possuindo outras versões para DreamCast,  e PC. Todos tendo como personagem principal a ruiva Regina. E vou lhe dizer, é um jogo muito interessante de se jogar. A atmosfera dele, aliada à sua jogabilidade...angustiante.... faz você se sentir realmente com medo daqueles bichos. Você está mesmo com medo deles pularem em você, da sua munição acabar, de sua arma não ser suficiente. E isso porque são velociraptors no começo, mas quando aparece o amigo T-Rex... você abre o inventário, observa suas 16 balas da pistola de mão e pensa: NO CÉU TEM PÃO?  - e morre
Minha namorada estava jogando. Eu coloquei ela no comando, desde o começo, pra apresentar o jogo a ela. Versão para PC. Ela sentou, e foi jogando, se adaptando à jogabilidade. Ela é durona. Encara jogos macabros comigo. Ela e eu zeramos um bocado de coisas ai. MAs quando o T-Rex arrebenta a janela do escritório sem NENHUM AVISO PRÈVIO, a menina saltou meio metro acima da poltrona. Não sei se ela vai ficar contente por eu contar esse caso aqui, mas eu te amo. Não me mate.
O jogo te faz sentir isso. Pelo menos se jogar no modo normal. No easy a coisa é tão ridiculamente facilitada que você se sente um debilóide tocando Air Guitar.
O game possui nuances muito bem sacadas... aproveitando que o time estava fininho já depois dos mega sucessos Resident Evil. jogando Dino Crisis, você realmente se sente dentro da história, dentro daqueles ambientes. Ignorando completamente as limitações gráficas da época, o jogo consegue realmente te envolver na atmosfera de suspense e paranóia. Pelo menos até o último capítulo do jogo, onde o suspense é jogado para as cucuias e você é obrigado a parar de pensar e atirar-correr-subir-descer-atirar-correr feito um louco. No final, o jogo vira completamente de ação, e a julgar por todos os três finais possíveis, um filme de ação explosivo, com helicópteros e NADA original. Cagaram na saída nesse game, mas quem se importa? São tipo os últimos 40 minutos de game! E o jogo tem (no meu melhor tempo) 5 horas. Claro que o MEU melhor tempo é algo discutível, eu sou péssimo nessas coisas de terminar rápido. Gosto mesmo é de ficar lambendo cada pedacinho da história, me atentando a diálogos, lendo cada arquivo ou nota pessoal encontrada ao longo do jogo.
Outra coisa: O jogo tem quebra cabeças decentes. De fritar seus neurônios que restam. Já alguns outros quebra-cabeças foram feitos para que você mais uma vez se sinta um debilóide, de tão ridículos e simples que são. Aqueles pra ligar as baterias dos geradores, por exemplo. O que é aquilo senão uma ofensa à sua inteligência e evolução enquanto espécie?
Os que eu mais gostei, por ser um desafio bacaninha... são os de guindaste. Sabe? Carregar containers numa empilhaderia gigante até achar um modo de abrir passagem para os personagens. Muito divertido e angustiante. Angustiante porque a empilhadeira funciona da forma mais estranha e ilógica possível, usando uns cards de programação. Pra que isso, meu deus? PRA QUÊ? Os personagens da trama são o que, especialistas em puzzles bizarros?

Por falar nos personagens, temos personagens bem marcados, mas pouco marcantes. Isso é meio deprimente, se ponderar bem o assunto. Embora o hacker Rick seja a cota de negros do grupo - o que é só uma piada idiota, já que ele é de longe o único realmente inteligente no grupo, o único que não entraria por cotas. Rick é de longe o único que realmente parece o tipo operacional em equipes assim. Ele é especialista nas comunicações e passa praticamente o jogo todinho apertando botões randomicamente nas salas de controle e te pedindo pra fazer coisas e mais coisas. Como se fosse o velhinho da taverna. Uma espécie de Mestre dos Magos afro-americano. Ou seja, ele não dá UM ÚNICO tiro pra matar nada nesse jogo. Mas não fosse ele, você não avançaria nem da primeira parte, já que ele hackeia os sistemas de segurança e vai desbloqueando áreas do complexo. O seu grande parceiro brucutu destruidor de pentes de munição na verdade é o Gail, que sai por aí atirando e botando pra foder; E ele continua chamando os dinossauros de "lagartos" mesmo depois de quase ser engolido por um tiranossauro. Duas vezes. Gail é durão, misógino e mal educado, tem um comportamento moralmente duvidoso... mas ele salva seu rabo duas vezes no jogo. Então é melhor respeitar o cara.

No mais, é isso. Um jogo bacana demais pra ser esquecido. Que teve continuações HORRENDAS que eu não vou me dar ao trabalho de comentar. Procurem se quiser, mas acho perda de tempo e a vida é curta demais pra isso. São podres e desnecessárias.

Quer jogar a versão para COMPUTADOR? - só clicar BEM AQUI e fazer e baixar a ISO.
Agora comente que é pra deixar o rapaz aqui feliz. Dá um puta trabalho reunir essas informações todas e puxar um bocado de outras coisas da memória! Então me diz o que você achou! ABRAÇO e até semana que vem!