quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Direto pro LIMBO!



Hoje eu estou aqui, conforme prometido no último post, para falar de um game muito maluco e intrigante chamado LIMBO. Isso mesmo, só isso. “Limbo”. Se você não sabe o que é o LIMBO, pergunte pra sua avó ou aquela sua tia gorda que vai à missa todo domingo, porque eu sou ateu e não vou perder meu tempo te explicando isso (é preciso estudar muito sobre teologia pra se chegar a uma opinião racional sobre a existência de Deus, antes que você queira MESMO iniciar essa discussão). O que quero falar é sobre um jogo magnífico criado e dirigido por um cara chamado Arnt Jensen. Isso mesmo. Esse nome quase impronunciável por línguas humanas pertence ao criador do jogo mais inteligente que joguei nos últimos tempos. Eu não sou de babar ovo para esse ou aquele game, porque sei que gosto é que nem cu joelho e cada um tem o seu. Uns nem tem. Mas preciso falar algumas coisas bem pessoais sobre esse game. Primeiro que ele tem como base o FLASH. Se você é um nerd chato então deve estar ai torcendo o nariz porque sabe que o Flash foi penabundeado do seu android. Mas não seja tão inconveniente, seu bundão. Admita que o flash é uma plataforma bacanuda, sobretudo pra quem gosta de desenvolver esse tipo de sandice aqui. Bom, o interessante é que o jogo não foi inteiramente feito em flash. Você vai achar ali um bocadinho bão de novas linguagens, como HTML 5 e outras nerdices que não vem ao caso. Se você se interessar pela programação do game (como eu), pode entrar em contato ai que eu já to dando meus saltos nesse sentido e estou aberto a parcerias. Mas no caso do Limbo, para se ter uma idéia do tamanho da festa, o jogo tem um cast de 12 programadores, cada um com um nomezinho mais impronunciável que o outro. E você ai pensando que sua prima Rosivane tinha um nome bizarro.
O game é produzido por uma softhouse de Conpenhagen chamada PlayDead, e eu confesso que gostei pra caramba do nome. Esse povo maluco resolveu tocar o foda-se com a onda e as tendências dos games atuais e fez um game de plataforma em duas dimensões, sem nenhum tipo de CG. Na realidade, o game foge completamente do que é vendido por ai, com visual colorido e mais computação gráfica e cut scenes do que gameplay. Engraçado pensar nisso. O jogo possui cerca de 40 capítulos, totalmente em preto e branco e cinza, muito cinza, e nos conta a história de um sujeito que parte numa jornada pelo limbo em busca de sua amada. É clichê? Pense num Mário, só que em vez de reinos felizes e coloridos onde cogumelos vivem num regime monarcal imperialista, o moleque está literalmente na boca do inferno. Mas não tem nada de demoniozinhos nem almas atormentadas. O lugar está vazio. Na verdade, angustiantemente vazio. Você chega a sentir uma imersão tão profunda no game que sente a solidão do personagem, passando por todo aquele lugar árido e estéril. Os caras realmente conseguiram isso, boa parte por causa da arte sombria do Morten C. Bramsen e da trilha sonora orquestrada por Martin Stig Andersen. Mas não pense que você vai encontrar a emoção “adrenalinesca” dos games normais, esse game é parado, linear, e dolorosamente monocromático. O game foi todo desenhado em silhuetas. Você não vê o personagem, vê a silhueta dele com dois olhinhos abertos. O mesmo vale para o cenário e todos os objetos em cena. Tudo apenas delineado por silhuetas e sombras escuras. Caixas e objetos a serem interagidos, os poucos inimigos que aparecem, tudo feito de preto. Detalhes para a iluminação, que está fantástica, além dos efeitos sonoros. Para provar que é um game simples, ele usa apenas UM botão de ação (eu ouvi alguns gemidos?), que no caso do PC é o Ctrl. O resto você faz nas setas direcionais e tá valendo. O jogo é tão bem feito e profundamente desafiador que foi lançada uma versão para o X-BOX. Pense bem. Um joguinho de “flash”, quase um browser game, lançado para um console potente como o todo-poderoso da Microsoft. E o melhor, lançado sem nenhuma alteração significativa na parte gráfica ou na jogabilidade. Isso é realmente interessante de se pensar, a força de um game simples, sem nenhum atrativo gráfico exagerado ou moderninho, sem nenhuma computação gráfica hollywoodiana, que exige que o jogador tenha algo que há muito não se vê nos games: Cérebro. E por falar nisso, é bastante provável que você vai ficar agarrado em uma meia dúzia de puzzles. Eu fiquei em um bocado, onde eu tentava e tentava de formas diferentes. Passei boas horas tentando desvendar um quebra-cabeça só pra descobrir no final que a resposta estava ali, bem ali na minha frente o tempo todo. É um daqueles games que fazem você se sentir idiota. Mas o game te leva a isso. Não pense que é chato ficar preso em algumas partes. O game é cativante, vai por mim (isso é, desde que o senhor goste de usar o cérebro). Se usar a massa encefálica não for uma prática muito comum a você, é melhor ficar longe de LIMBO. Esse é um game que só os fortes entenderão.
Ah, eu ia falar sobre o final do game. Tive o prazer de zerar o diabo do joguinho, com muito custo. Ele encontra a amada, é óbvio. Mas sabe o que acontece, o que é surpreendente? Depois de atravessar um bocado de apuros pra resgatar essa vaca, sabe o que rola? QUER MESMO SABER?
Então trate de baixar esse game. São só 40 capítulos até você descobrir.

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