terça-feira, 27 de novembro de 2012

Captain Silver (Master System )

Numa era onde Piratas do Caribe dominam o imaginário da criançada, talvez não haja muito espaço para essa maravilha imaginativa que vou falar hoje... mas saibam, senhores devoradores de biotônico fontoura com danoninho, que hoje falaremos sobre um jogo que aluguei na minha infância, então tenham paciência se eu chorar um pouquinho. Captain Silver (Data East). E você nunca ouviu falar dele, a menos que tenha tido um Master System na década de 90.
Esse jogo tem exatamente 25 anos. Como eu sei? Porque esse escrivão retrogamer que vos fala NASCEU no mesmo ano que esse jogo foi criado - em 1987 - aquela época boa em que o filme "Conta Comigo" (Stand by Me) era lançado. E nascia eu, pimpolho e nerd. Então aprontem os lencinhos quem for mais velho que a serra (que nem eu) e tenham todos uma boa leitura.


Após essa introdução chorosa (snif), vamos nos aventurar ao sabor dos sete mares à bordo de caravelas desbravadoras - enfrentando fantasmas e os mais perigosos piratas que esse console já conheceu. Claro que estamos falando do Master System e o máximo de pirataria que o console tinha eram os cartuchos paralelos que misteriosamente aportavam por aí.
Eu aluguei esse cartucho por acidente uma vez (na Lanterna Mágica, falecida locadora de minha cidade) e lembro que não consegui sequer a segunda fase. O jogo é bem difícil e é uma daquelas belezuras clássicas onde você tinha 3 vidas, sem continue, e era Game Over nas fuças. começar do iníciozinho. E como também não poderia faltar, o jogo não tem uma "barra de life" ou "barra de energia". Encostou onde não devia, MENOS UMA VIDA. O pior é que qualquer lugar te mata em jogos assim, até encostar em inimigos. Tipo morrer por osmose. Esse tipo de coisa é que tornava os games de antes tão difíceis em relação aos de hoje. Naquela época, você precisava ter persistência e muuuuita paciência pra zerar esses jogos. E isso criou homens de verdade. Quem teve paciência de recomeçar um game 438 vezes consegue superar qualquer coisa na vida.
Mas cá estamos, na pele de Jack Avery, e estamos à caça do tesouro perdido/escondido/mocado nas quebradas do lendário Capitão Silver. Infelizmente para nosso valente herói, muitos perigos guardam esse  tesouro cobiçado, perigos que nenhum marujo jamais ousou enfrentar.
Pelo menos não sem o Jack Sparrow na equipe.

Capitain Silver é um jogo de aventura que tem como pano de fundo a lenda de um tesouro pirata. Mais clichê que isso só se fosse o sequestro de uma princesa. O game é ambientado em navios, cavernas tenebrosas e ilhas remotas; 6 níveis separam o jogador do confronto final com o fantasma do Capitão Silver e sua recompensa (será que estraguei o final contando isso?). Bom... não é spoiler quando o game tem mais de 300 anos.

Nesse jogo, no controle de Jack Sparrow Avery, enfrentamos lobos, aves, esqueletos e até nativos das ilhas a serem exploradas. Além, é claro de outros piratas. Cada inimigo derrotado presenteia o aventureiro com cartas que valem ouro (gold). Esse dinheiro será muito útil para a compra de itens e acessórios em lojas espalhadas pelas fases que tornam a tarefa menos salgada. Mas não muito, o jogo continue sendo muito dificil, não importa o que você faça. O dinheiro também pode vir na forma de coroas, anéis e pepitas de ouro. A coisa mais útil a se comprar nesses comércios espalhados pelo cenário é uma espécie de "colete de vida" que lhe dá uma espécie de life extra, permitindo que você resista a dois ataques, ao invés de um só.
Outros itens a disposição são: botas que ajudam a pular mais alto, tempo extra (o relógio); e, a fada – o segundo melhor item de todo o jogo. Essa amiguinha adiciona um poder em formato de estrela à espada de Jack e permite ataques à distância. Isso parece algo pequeno, mas acredite: Não precisar chegar perto dos inimigos é uma bênção nesse jogo.


Os confrontos com os chefes são o destaque do jogo. Cada um possui movimentação específica e derrotá-los no primeiro embate será bem complicado. Aconselho que voce não desista. Avançar nesse tipo de game é chatinho e muitas vezes você pode se frustrar, mas acredite em mim: É RECOMPENSADORA a sensação de vitória ao concluir um estágio, ou fazer algo simples como vencer determinados obstáculos. Com certeza é algo bem diferente de você jogar um jogo atual, onde existe tutorial pra tudo, até pra usar os controles. Os jogos de hoje são fáceis por diversas razões (que um dia ainda vou ter saco de encarar a polêmica e ouvir os mimimis, mas escrevo sobre). Naquela época, o jogador precisava jogar e jogar e jogar. E eu passava madrugadas com essas musiquinhas irritantes na cabeça, para terror da minha mãe, que nas raras vezes em que me deixava jogar videogame até tarde, me obrigava a baixar todo o volume.

Estou escrevendo essa matéria com um fone de ouvidos, ouvindo Doors, mas isso simplesmente não era possível na época.

Esse é o tipo de coisa que faz desse jogos antigos uma experiência única e especial: Você não vence nada de primeira, nada é fácil e tudo fica glorioso quando você consegue. Algumas vidas e boa dose de sorte podem ajudar. Além de uma porção extra de chips e paciência com suco de groselha.
Alguns problemas no jogo não podem passar em branco. A começar, temos uma dificuldade acentuada que se deve 90% pela pouca mobilidade de Jack. Sim, apesar de ser um pirata, ele se move como um robô mal lubrificado. Inimigos aéreos são um terror (a menos que se esteja com cinco estrelas) e o sistema encostou-morreu é outro ponto frustrante do game. Saber o padrão de ataque de alguns monstros e conhecer bem algumas fases ajuda bastante. Mas isso só é possivel quando você está atravessando aquele trecho pela centésima vez.
Sem negar suas raízes, em Captain Silver temos 3 (três) vidas e nenhum continue (como já disse) – a dobradinha clássica dos jogos da época. Mesmo com o ganho de vidas extras (a coleta de todas as letras que formam o nome CAPTAIN SILVER), terminar o jogo ou mesmo derrotar um chefe não vai ser algo fácil.
Por falar em coletar letras para formar um nome e ganhar vidas, essa mesma estratégia (ou recurso) foi usado pela RARE na geração seguinte, na sua obra prima Donkey Kong Country (Leia a matéria dos macacos aqui). Você se lembra? é o mesmo esquema. Você coleta letras e forma a palavra pra ganhar uma vida extra. Só que aqui uma vida extra VALE MUITO, MUITO MESMO.

Quanto aos pontos positivos podemos destacar o bom gráfico dos inimigos e o tamanho dos personagens na tela  Na época, foi isso o que mais me impressionou. Cada chefe de fase é bem interessante e pode-se acrescentar que a variedade de ambientação e inimigos é boa. A música do jogo reproduz algumas melodias ao estilo pirata e os sons são um pouco abafados, sem grandes destaques. Além de muito repetitivos.
Ainda que longe de ser excelente, o jogo garante um bom nível de desafio e contém uma história que atiça qualquer garoto de 13 anos e, hoje, um adulto de 25 – contando ainda com um bom final, ao estilo Master System.

Então corre lá pra baixar esse game e jogar no seu emulador preferido, que o tio aqui tá indicando MESMO pra você jogar. Esse jogo vale muito a pena conhecer, mesmo que voce não tenha paciência de jogar até o final. A nova geração precisa conhecer a raiz das coisas, e um pouco de história dos videogames vai fazer você respeitar (e quem sabe até gostar mais) dos jogos que são possíveis hoje.

Baixe AQUI o emulador e AQUI a rom do jogo, se ficou curioso. Mas antes, assista ao gameplay AQUI.

Grande abraço a todos, luz e força, boa semana! Não se esqueça de deixar também seu COMENTÁRIO nesse post,  porque saber o que você achou é o que mais gosto e é a parte que mais me dá prazer nisso tudo. FORTE ABRAÇO e até a PRÓXIMA.