quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Revistas de Vídeo Games - ÉPOCA BOA AQUELA

  
Antes da popularização da internet – e, extrapolando um pouco mais, antes que praticamente todas as área do interesse humano ganhassem representação online - a única forma que nós gamers tínhamos de acessar conteúdo sobre videogame eram as revistas impressas especializadas. E eu amava fazer isso. Amava mesmo. Eram as revistas de videogame e os gibis da abril, formatinho, onde li a saga do clone do Homem-Aranha, li a morte do Super-Homem e tantas, tantas outras histórias em quadrinhos.
Esse é um modelo de infância/adolescência que não existe mais, ao menos não da forma como lembrávamos. É impossível não ver aquelas revistas sem sentir uma pontada de nostalgia. Não é à toa que tem tanta gente interessada em comprar revistas antigas em sites de leilão.
As revistas ainda existem, na verdade, mas eu me pergunto seriamente que tipo de pessoa ainda a compra. Que tipo de pessoa vai pagar uns 7 contos por uma revista que fala tudo aquilo que 50 segundos no Google já o informaria, com variedade de fonte? A internet trouxe algo que gerações anteriores, como a minha, só sonhavam – a liberdade quase total de informação - de forma que alguns periódicos se tornaram praticamente obsoletos. Há muito tempo se fala sobre a morte do jornal impresso, graças à rapidez com que sites jornalísticos conseguem atualizar suas páginas (pra não mencionar a gratuidade, o que sempre costuma atrair mais público); Revistas de videogame sofrem um golpe similar, e com a desvantagem de que elas têm um público bem menor que folhetos noticiosos.
Todo site de Games que se preze trás toda a informação que uma revista poderia trazer, além de conteúdo que a mídia impressa não pode reproduzir – conteúdo em vídeo (o que, em matéria de videogame, é essencial) e interação com outros leitores por meio de comentários e fóruns. É uma concorrência desleal mesmo, muito sacana. Porém, por mais que eu esteja do lado dos antigos, e defenda (tenho um BLOG em homenagem a isso) a boa e velha geração passada com unhas, dentes e girocópteros, ainda assim sou levado (amordaçado e amarrado) a admitir que esse novo veículo é muito mais confiável e dinâmico. Enfim, muito mais útil que a revista impressa. Não serei eu a demonizar a internet, pois vivo dela e trabalho com ela e me divirto com ela. Só não namoro com ela porque, bem, existem opções melhores. Sou um defensor fervororso da experiência virtual, e entendo que um salto evolutivo, tecnológico, e , prncipalmente, um salto de pensamento foi dado aqui. Não apenas anos se passaram, mas o modo de enxergar o mundo e experimentá-lo sofreu uma gigantesca mudança. Um adolescente de hoje não visualiza o mundo como você e eu fazíamos há uns 15 anos atrás.
A juventude atual terá dificuldades em compreender esse hábito dos mais velhos (mais conhecidos como "você e eu") de romantizar um período que não era lá tão melhor que o atual, e quando paramos pra pensar realmente não faz sentido (por que celebrar os tempos da conexão dial up se tudo que queríamos na época era justamente as conexões rápidas que temos hoje, por exemplo? Voce pode até glamourizar os seus apertos na fila da banca de revistas pra comprar a revista de mulé pelada do mês, mas a verdade mais honesta que poderá haver é que voce prefere a facilidade de acesso ao Redtube.). Mas quem viveu aquela época nunca esquecerá da animação de descolar uns dinheirinhos trocados dos pais (de forma lícita, ou simplesmente saqueando aquele jarro da estante, onde voce sabia que ele eles guardavam o dinheiro do pão), correr pra banca da esquina, e comprar justamente aquela revista cuja capa trazia uma matéria em que você estava fissurado há semanas. Aquele jogo que voce esperou o lançamento. Aquela resenha, a avaliação dos redatores, as matérias especiais. As famigeradas manhas e macetes inclusos nas páginas centrais, onde todo mês voce torcia para que publicassem o jogo que voce estava encalhado.
Ser foda, naquela época, era ser o único da turma com aquele exemplar de uma revista gringa, trazida do exterior por um parente imigrante (ou mexicano fugido), que listava todos os Fatalities de Mortal Kombat 2 e que estava disponível a você (e somente você!) semanas ou até mesmo meses antes da mesma informação chegar às revistas tupiniquins, te transformando num rei entre os amigos. Eu me lembro com exatidão quando abri a GamePower do mês e vi os golpes do The King of Fighter, todos aqueles golpes que os mais velhos não me ensinavam nos arcades. Todos eles, separados por personagems e nomes (foi aí que eu parei de chamar o Choi  de "Freddynho"). E vislumbrei ali, tenro infante, que poderia ser tão bom quanto eles naqueles fliperamas, que eu agora tinha o conhecimento necessário para enfrentá-los.
TRÁGICO ENGANO, já que eu definitivamente nunca consegui jogar The King Of Fighters e continuo sem saber dar aqueles golpes e coisas que ficam voando pela tela. Ver caras como o Franco Nascimento, vulgo Kokó, um dos nossos colaboradores (e amigo pessoal) jogar, é como se eu estivesse de novo no boteco do Manoel Valinhos, vendo a turma do 1º ano jogar.

Eu acho que divaguei aqui.

Caso você não seja exatamente um maníaco por consoles, posso te fazer compreender a nostalgia dessas publicações com três simples palavras (ou melhor, uma palavra, uma preposição e duas siglas): “Revista do CD-ROM”. Lembra daquela interface gráfica de navegação dos CDs que vinham com as revistas? Como esquecer, né? HTML básico e trash, um pouco de Flash? (haha)
Escolhi a revista citada (GamePower) pra ilustrar este texto porque ela é um bom exemplo do motivo pelo qual eu comprava revista de videogame naquela época – a total falta de acesso a informação que era característica daquele período antes do domínio da internet.
Meu pai estava de ida marcada à Europa no final do ano de 1999, e tudo que eu mais queria na vida era um Dreamcast. Mas o console ainda não havia sido lançado em terras pátrias, praticamente tudo que sabíamos era o nome do videogame. Quando vi a revista numa banca perto da minha escola, me movi no piloto automático pra compra-la. Foi como se meu braço tivesse tomado a decisão antes do meu cérebro.

Atualmente eu compro uma revista aqui e ali, puramente pelo aspecto nostálgico da coisa – e pelo fato de eu ter realmente prazer em folhear impressos - ao terminar de folhea-la, ou eu já tinha lido tudo na internet, ou a informação é insuficiente e eu procurarei complementos na internet.

E não, nunca tive um DreamCast - meu pai trouxe um N64.

E vocês? Alguém aí ainda tem algum motivo maior pra comprar revistas de videogame? E quem já comprou?
Deixe seu comentário aí embaixo.