quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

A VIDA É CÍNICA ou DESCOBRI QUE SOU DE UMA NOVA RAÇA DE NERD ou POR QUE OS NERDS CULTS SÃO UNS FILHOS DA MÃE

Para alguns pode até ser uma equação bastante simples. Mas para mim foi meio que como descobrir o Brasil. Lineu teria que abrir um espacinho em sua classificação taxonômica para o que descobri recentemente. 

Na verdade, basta uma olhada mais de perto e você vai perceber que em algum nível todo mundo é Nerd. E está certíssimo, essa não é uma impressão errada. Sempre soube (mesmo que me recuse muitas vezes a admitir, ou admita baixinho pra ninguém escutar) que minha alma, no fundo, no fundo, é Nerd. 

Vamos pensar da seguinte forma: Eu jogo Magic (entre jogar e ser bom nisso existe uma diferença enorme, mas que seja). Sou fã de Star Wars (ou do personagem principal, Darth Vadder). Passo mais tempo no computador que uma pessoa normal passaria (eu disse normal, logo estudantes de Ciências da Computação e pedófilos em geral não contam). Tenho todos os episódios até hoje lançados de The Big Bang Theory e joguei RPG até minhas orelhas ficarem pontudas. Tudo bem que eu detesto Senhor dos Anéis e Harry Potter, mas passei tempo o suficiente estudando metafísica e fisica quântica a ponto de saber quase tudo sobre multiuniversos e variáveis cosmológicas. Acho Matrix um filme muito foda, apesar de não haver entendido bem o final da trilogia (se você falar que entendeu, está mentindo). Mas nunca me assumi como Nerd, ou seja lá o que for. Meu Q.I pode estar na média (a média geralmente fica entre Stephen Hawking e Paris Hilton). Na minha opinião, esses bastardos CDFs eram tão abitolados em informática e derivados (vai aí uma lista enorme) que tinham portas USB nos mamilos. Então, eis que numa bela tarde de domingo ensolarado, depois de uma noite surreal e curtindo uma puta de uma ressaca dos infernos, eu tive uma epifania: Putz, eu sou Nerd! - Foi doloroso admitir. Mas a grande novidade aqui é que eu pertenço a uma nova raça de Nerd: Os Nerds Cults. What the hell é isso? - você deve estar pensando. Pois eu explico. 

Sou Nerd sim. Um maldito Nerd cult. Matava aula de educação física pra ficar na biblioteca, detesto estudar mas nunca fui mal na escola. E agora, estudando dobrado. Meu intento: Cinema. Isso mesmo que você ouviu (leu?). Quero fazer cinema. E sou escritor. Ateísta. Idealista flexível (lê-se “oportunista”). O que estou querendo dizer é que gosto de filmes como Laranja Mecânica e diretores como Tim Burtom e Woody Allen. Fã alfa de Teatro Mágico e Beatles. Sou do tempo que em Divinópolis era mais fácil provar a Teoria das Cordas que conseguir um d12 (eu tinha a caixa da Grow de Dungeons & Dragons, só pra constar). Sou sarcástico, irônico e tomo chope em cafeterias discutindo literatura, música, cinema, religião, desenho animado, política, filosofia – ou qualquer outra coisa tão útil de se discutir quanto a vida sexual das abelhas. Falo inglês, xingo em espanhol e encho o saco em italiano. E como quase todo mundo que teve um Super Nintendo, aprendi o significado de algumas palavras em inglês jogando Final Fantasy. Cresci lendo quadrinhos e sei mais sobre Vertigo que os roteiristas da DC, provavelmente. 


Mas nunca tive um Autorama. O que talvez seja a explicação para muitas das neuroses atuais. Também assisti Cavaleiros do Zodíaco e Yuyu Hakusho, como todos os rapazinhos da minha idade, mas ainda prefiro Thundercats. Nunca fiz um cosplay, mas talvez-eu-pretenda-um-dia-quem-sabe, se meu cérebro parar de dar tilt toda vez que penso no assunto. Acho música clássica um saco e detesto música tema de Anime. Detesto mais ainda gente que fica cantando - pior ainda - em japonês. Tenho muitos amigos otakus, mas confesso que desenho japonês não está na minha listinha de coisas que eu salvaria numa hecatombe nuclear. Não, não, peraí. Eu salvaria alguns hentais. Como sou absolutamente a favor da diversidade cultural, acho que todo mundo tem o direito de ser, fazer, assistir, gostar, amar, beijar, querer, preferir o que quiser, eu transito com facilidade por toda essa pluralidade. E quem sou eu pra taxar um anime de infantil? Lembra que eu gosto de Thundercats??? 

Entende o que quero dizer? Costumo fazer citações bizarras que você precisa ter nascido antes de 89 para entender (como aquela do maior pensador do século passado, o Pernalonga: “Sempre resta um pouquinho da bruxa”). Um de meus filmes preferidos de todos os tempos é The Fight Club e Le Fabuleux destine d'Amèlie Poulain. Além de Jurassic Park, mas eu não costumo dizer isso em público. Sou comediante e faço show de Stand Up. Se você não sabe o que é Stand up, então é melhor voltar pro seu planeta. Uso blazer com all-star vermelho e costumo entrar de penetra em festas de 15 anos. Mesmo odiando festas de 15 anos. 

Ou seja, um Nerd. And we are a legion. Um novo tipo, um tipo mais foda (eu suponho) que o Nerd comum. Tente imaginar (eu sei que é difícil) um Nerd com vida social e sexual ativa (hann...eu me esforço heroicamente). Ok, isso foi sacanagem. Nem todo Nerd é assexuado e fica na frente do computador o dia inteiro. O nerd que estiver lendo isso e quiser discordar de mim é só me mandar um e-mail. Ou deixe um Twit. 

Voltando aos Nerds Cults. Um Nerd Cult é um nerd comum, só que cult. Tá, explicação imbecil. Nós gostamos de videogame, mas não deixamos a namorada em casa e fugimos para a E3. Nem jantamos na frente do Twitter (certo... aconteceu só uma vez). O que acontece é que nós lemos os livros certos e os errados também. Nós assistimos a roteiros emaranhados do cinema francês francês, mas conseguimos rir à beça de O Auto da Compadecida. 

É uma arte difícil. Podemos encher a cara discutindo sobre as habilidades de vôo do Superman e Condicionamente Pavloviano ao mesmo tempo, ou abraçar uma Vuvuzela na copa do mundo (né, Kokó?). Somos sarcásticos e cruéis, mesmo que às vezes quase ninguém entenda nossos comentários ou pareçamos altistas com nossos brinquedinhos novos. Ligeiramente arrogantes, egolátricos e narcisistas. Mas no bom sentido (???). A verdade é que passamos tempo demais debochando da cara um do outro. Somos tipo uma absurda fusão entre o Dr. House e Sheldon Cooper (se não conhece nenhum dos dois é melhor repensar seus conceitos ou quebrar aquele CD do Restart). 

Um Nerd do tipo Acid Mother Fucker. 

Antes de se sentir ofendido de alguma forma, lembre-se que o importante no final é ser você mesmo, e foda-se. A vida é pequena demais pra gente ficar bancando o chato elitista intelectualizado de merda. Além do mais: 

Smart is the new sexy. Enjoy this. 

BAZINGA!