sábado, 21 de junho de 2014

Especial Copa do Mundo 2014 - INTERNATIONAL SUPER STAR SOCCER DELUXE

Saudações nações futebolística desse varonil Brasil zil zil pintado de verde e amarelo esperando ansioso por cada jogo para parar mais cedo do trabalho, aqui quem fala é Felipe Lacerda, o perna de pau que comanda esse tubo nostálgico e fétido de elétrons que você ama chamar de velharia! Esse museu jurássico! Me diz aí, como VAI VOCÊ? Torcendo muito? Acompanhou a torcida no grito de "ei, Dilma, vai tomar no cu?" Desenterrou sua vuvuzela irritante do armário? Soltando bomba na rua e buzinando o carro como se não houvesse amanhã? Também achou que poderia trocar uma Cláudia Leite, uma Jay-Lo e um Pitbull por uma SHAKIRA fácil-fácil?
Então segue atento, pega lá seu toddynho e sua peruca verde e amarelo e corre pro abraço que hoje aqui é só goleada.

Na verdade, caro leitor, antes de mais nada preciso informar que nunca consegui chutar uma bola em linha reta em toda a minha vida. Nem jogando queimada eu conseguia mandar um objeto esférico numa única direção. O único momento em que Felipe Lacerda e a exclamação "gool!" foram vistas no mesmo contexto foi quando eu joguei essa belezinha aqui. O intuito inicial era escrever só sobre esse jogo. 
Ao meu ver esse jogo fez muito mais para a historia do vídeo game do que apenas revolucionar os jogos de futebol. Eu nem gosto de futebol, como já deve ter notado. Mas gostava de verdade desse game. Eu tenho a teoria de que foi esse game que começou a “desnerdinalização” e “desinfantilização” dos games de esporte. E se contribuiu para algo realmente sólido, eu diria que foi para trazer aos joysticks alguns jogadores que antes achavam que videogame é coisa de nerd retardado ou criancinhas com problemas de sociabilização e pais ausentes. Isso porque antes dele, a maioria dos jogos nos 8 bits e 16 bits eram para crianças. Eu to falando de games de esportes, mas acho que se aplicam a todos os games em geral. Um exemplo disso são dois maiores sucessos do mundo dos games: Sonic e Super Mario. Ambos para “crianças” e ambos com seus odiáveis jogos de esportes (tá, vai dizer que Mario Kart é legal e eu concordo com você. Mas se conseguir me citar mais dois títulos de esportes que seja minimamente decente usando personagens infantis  eu lhe pago uma
cerveja. Ou me visto de Fuleco. Você escolhe).
PrintTambém vejo que, antes desse game, o preconceito com os jogadores de vídeo game era muito maior! Muitos eram chamados de “nerds”, sem vida social ou uma negação em esportes (lógico que há exceções). Eu era e continuo sendo HORROROSO em jogar futebol, como já disse! Bom, isso é uma viagem minha, pode ser que eu esteja errado. Mas eu sempre achei que existia um preconceito com vídeo game! ou melhor, ainda existe. Um preconceito que vem diminuindo a cada dia, mas ainda vejo que muitas pessoas estranham quando eu, um cara de 27 anos, digo que um dos meus principais hobbies com minha namorada é jogarmos vídeo game. 
Mas que se dane o mimimi dos oprimidos, hoje falaremos do megalofodástico maior jogo de futebol de todos os tempos....

International Super Star Soccer Deluxe

CLÁ CLÁ CLÁ CLÁ CLÁ AHHHHHHHHHHHHH INTERNATIONAL, SUPER STAR SOCCER….DELUXE! AU! AU! Pra quem conhecia o “código Konami” -  (Sim, você leu isso com o som, a voz e o ritmo do locutor!)

Código Konami é o que a produtora Konami colocava na maioria dos seus jogos. Assim que a tela inicial de um jogo da Konami começava, bastava você apertar: dois pra cima, dois pra baixo, atrás, frente, atrás, frente, B e A que alguma coisa acontecia! Nesse caso, o juiz e os bandeirinhas viravam cachorros! Um código inútil, porém divertido.

O melhor jogo de futebol lançado até então. Não tem o que dizer. Lançado em 1995 para Snes (no ápice do reinado do FIFA International Soccer) e posteriormente para Mega Drive e Playstation 1 (eu nem sabia que tinha esse game para Ps1, dai eu tava pesquisando pra escrever essa matéria e PIMBA, mais um gol), o International Super Star Soccer Deluxe mudou totalmente a ideia de futebol no vídeo game. Além do mais, ele ditou as regras e transformou o futebol eletrônico na maneira como conhecemos hoje. Se você acha que seu Winning Eleven ou PES vale alguma coisa, agradeça aos caras que programaram essa belezinha.

O game é uma continuação do jogo International Super Star Soccer. Na verdade, a franquia começou com o Konami Soccer para MSX em 1985, depois foi lançado o Konami Hyper Soccer em 1991. A diferença entre o International Super Star Soccer e a versão DELUXE não é lá muito grande: houve a adição de estádios, uma mudança nos uniformes, algumas seleções novas e a presença do juiz e os auxiliares em campo. Mas por algum motivo a versão Deluxe fez muito mais sucesso na América Latina e no Ocidente do que a primeira versão. Eu aposto que é por causa do hack piratovisk comprável em qualquer camelô que se prese, estampando títulos como Ronaldinho Soccer e  Campeonato Brasileiro. Mas é só um palpite.  

O jogo tinha 6 modalidades diferentes: 
Open Game – o jogo tradicional, amistoso. Firula, café com leite, ideal para testar suas habilidades, praticar novos lances, ou dar uma goleada vergonhosa naquele seu primo fdp que já tinha um Nintendo 64 antes do resto do planeta. 
International – Seria como uma copa do mundo. Nada mais é que um campeonato entre países, só que sem a Shakira cantando e dançando Waka-Waka. O que é uma pena.
World Series – Seria uma liga internacional. Eu nunca entendi exatamente a diferença entre essa série mundial e o campeonato internacional básico, então se você souber desse paranauê e entender de futebol mais do que eu, favor explique nos comentários.
Scenario – Eram cenários divertidíssimos de jogar! Faz referencias a partidas reais de jogos. Eles já tinham o tempo corrido e os times. O jogador tinha que virar o jogo em um pequeno tempo restante. Parece louco, mas era realmente muito legal quando não tinha ninguém por perto pra fazer o Player 2.
Penalty Kick – Disputa de Penaltis. Chatíssimo. Mas se você estava aqui na copa de 94 e viu aquela disputa de pênaltis INACREDITAVELMENTE FODA na final da copa do mundo, então sabe muito bem o que fazer com essa modalidade. Se não faz ideia do que tô falando, clica no link... É teeeeetra! É TEEEEEEEETRA!
Training – Treinos! Claro, o que você queria? um campeonato de embaixadinhas?

O jogo tinha o incrível número de 36 seleções divididas por continente e 6 seleções de “melhores jogadores” também divididos entre regiões do mundo! Os uniformes eram bem parecidos com os uniformes originais dos times! 
A dificuldade do jogo era divida em três níveis: fácil, médio e difícil. O fácil era tranquilo de levar; o médio era BEM disputado; e o difícil, meu amigo, era realmente difícil! Eu nunca conheci alguém que ganhou uma copa do mundo no nível “difícil” nesse jogo! Alias, as copas eram todas complicadas de se jogar! E em uma época em que não tinha salvamento, o jeito era uma tela de password GIGANTESCA! Nesse jogo, eu gastei realmente MUITO papel pra guardar tantos símbolos! O que era inútil por que era tanto símbolo que depois eu não conseguia entender o que eu tinha desenhado! Você hoje reclama dos dispositivos de save game, mas não faz ideia do desespero que é perder um caderno de passowords porque acidentalmente sua mãe jogou fora aquele "papelzinho inútil cheio de coisas rabiscadas".
Bom… Até aqui nada demais, né? Jogo de futebol, seleções, alguns estádios, juiz e bandeirinhas. Ai vocês me perguntam, o que esse jogo tinha de mais? Vamos lá:
Imagem e gráficos: A imagem do jogo voltou a ser lateral. O FIFA tinha colocado aquele gráfico meio 3D em diagonal, o ISSSD voltou a ter a tela de lado, com o foco central na bola. Os jogadores eram grandes e com gráficos jamais vistos! E o melhor, com cara de coisa real. Nada de jogadores cabeçudos, aspecto de desenho animado, física de desenho do Papa Léguas. Não. Aqui, a chuva caindo... dentro dos limites lógicos... parecia mesmo uma chuva caindo, e atrapalhava mesmo o jogo.
A jogabilidade também era ótima! Você podia dar dribles, lançar a bola em profundidade, cruzar, dar chutão pra frente, dar carrinho e tirar a bola sem falta! A carretilha (famoso carrinho por trás na maciota, que se pegassse milimetricamente na bola , você roubava a bola, o jogador adversário capotava três vezes e você saía pra galera, rindo até na orelha) ficou famosíssima nesse jogo! A câmera volta para uma visão lateral, com a bola como centro, que é como deus quis e ninguém tinha nada de ficar mudando.
Juiz e bandeirinhas: realmente participavam do jogo. As marcações dos bandeirinhas eram efetivas: eles levantavam a bandeira e apontavam para o lugar certo. O juiz/cachorro vinha até você te dar o cartão, não importava a distancia que ele estava. E o jogo não prosseguia enquanto você não tomava um YELLOW CARD na fuça.

Mesmo como cachorro, o juiz vinha te dar o cartão amarelo. Mas em vez de apitar, ele latia. Porque o jogo ser apitado por um pastor alemão tudo bem, mas o pastor alemão usar um apito aí já é demais.
Times: Você realmente se sentia um técnico! Você tinha disponível várias formações diferentes para colocar seu time! 4-4-2, 4-2-4, 3-5-2, 5-4-1…Eu particularmente colocava a turma toda pro ataque gritando CAWABANGA e era aquele deus nos acuda na grande área do oponente. Você tinha a liberdade de escalar seu time quase da maneira que quisesse!
Telão: O estádio tinha um telão que mostrava a “emoção” dos jogadores, dependendo do que acontecesse no jogo. Por exemplo: se o jogador fizesse um gol no ultimo minuto, mostrava a cara dele feliz! Se tomasse um cartão vermelho, mostrava a cara dele triste! Se você virasse o jogo, mostrava a comemoração… E assim vai! Os gols contra eram a imagem expressa em pixels da derrota. Dava vontade de abraçar o jogador de tanta pena que se sentia dele.

Estádios: O jogo tinha 6 estádios diferentes, cada um em uma parte do mundo. Cada estádio tinha sua peculiaridade e tamanho! Havia estádios maiores e menores, tal como na vida real... E você podia escolher entre jogar na neve, na chuva ou no sol. Fazer nevar no Maracanã não tem preço.
Estado físico dos jogadores: Sabe esse papo de “setinha pra cima, setinha pra baixo” que é muito comum nos jogos de hoje? Então… Começou aqui! Antes não tinha nada disso! O ISSSD foi o primeiro jogo a colocar o estado físico do jogador para você escolher a escalação dele ou não. E era representados por bolinhas smile. Bolinha feliz saltitante? O jogador tá supimpa, capaz de fazer embaixadinhas subindo o Everest tomando uma Pepsi de canudinho. Mas se ele estiver amuado, roxo, olhos baixos.. é melhor mandar ele pro banco e tomar a sua Pepsi bem sentadinho, pois está prestes a ter um ataque cardíaco. E não ache que isso é só capricho, eles REALMENTE ficam cansados em campo, apoiados nos joelhos, pedindo a deus pra uma morte indolor.
Jogadores clássicos: O ISSSD não tinha os direitos autorais das seleções! Então os nomes foram fictícios e marcaram a nossa geração! Beranco, Pardilla, Gomes, Da Silva, Ferreira... era essa a seleção brasileira!
4 jogadores: você podia jogar com até 4 players ao mesmo tempo! Exatamente! Você podia jogar um 2×2 de futebol! Isso antes do N64 com seus quatros joysticks.
Criação de um ídolo: Esse jogo criou um dos personagens mais famosos da historia do vídeo game, o pica as galáxias que coloca Pelé nas havaianas e deixa o Diego Maradona catando cavaco na farinha. O extraordinário ALLEJO!

Até hoje ele é lembrado por gamers de todas as idades. Meu sonho é ouvir o Galvão Bueno gritando seu nome.

Acho que já deu para ter uma ideia por que esse jogo foi tão famoso né? Gráficos ótimos, som de primeira, mil maneiras de mexer no time, jogar campeonatos, tudo de maneira fácil e extremamente divertida. Coisa que os jogos de hoje deveriam aprender a fazer.
Um PLUS na América do Sul foram as modificações, providenciadas pelo sempre inventivo... mercado alternativo: o jogo ganhou INUMERAS versões e até hoje ganha roms atualizados! O sucesso foi tão grande que ganhamos versões exclusivas! Quem NUNCA jogou “Ronaldinho Soccer 96” ,“Futebol Brasileiro 97”ou até o “Ronaldinho Campeonato Brasileiro 98” numa mistura de português com espanhol ridícula. Até uma versão do campeonato argentino saiu! Alias, o sucesso foi tão grande que frases clássicas do vídeo game são desses jogos: “Ô nô, perigo!”, “Saque do golero”, “Tiro libre!” “Fuerte bomba!” “Cabezada” “Grande Iogada” e “Mêo Tempo!”.

E o grito de gol? ” YES, Goal, Goal, GOOOOOAAAAAALLLLL !”

O jogo teve milhões de continuações: International Super Star Soccer 64 (liiiiiiixo) e 98 para Nintendo 64. International Super Star Soccer 2000 para Playstation 1. ISS, ISS2 e ISS3 para Ps1 e Ps2. Tivemos os vários ISS Pro, ISS Pro 98, ISS Pro Evolution, ISS Pro Evolution 2 para diversos consoles. E, no final, a franquia virou a tão famosa pela marca Pro Evolution Soccer que tem versões anuais desde 2002! - foi quando eu parei de me interessar por futebol nos videogames. E foi o fim de tudo mesmo pra mim, já eu nunca consegui chutar uma bola em linha reta na vida e e só no videogame eu consegui fazer alguma coisa. E não foi lá grandes coisas. Ganhava dos primos menores, mas tomava surra dos viciados, tipo meu irmão.
Mas acho que deu pra ter uma ideia da história e do impacto do International Super Star Soccer Deluxe, que hoje virou o tão famoso PES que a maioria joga! Ele mudou os jogos de futebol, colaborou com a diminuição do preconceito com os jogos eletrônicos e mostrou que vídeo game não era coisa de criança! Hoje, esta na disputa pau a pau com o FIFA pelos consoles de ultima geração!
Então, se você gosta de jogos de futebol, o futuro é promissor e otimista!