segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

LOCADORAS DE GAMES e Como eu roubei um cartucho uma vez.

Eu me lembro bem que os jogos de vídeo game fizeram parte da minha infância e pautaram as etapas da minha vida. Posso estar irremediavelmente velho agora (no auge dos meus 24 anos), mas se considerarmos que ganhei meu primeiro console aos 6 anos (foi um nostálgico Atari 2600), foi uma longa trajetória gamística até aqui.
Hoje eu não tenho nenhum vídeo game em casa. Porque infelizmente não disponho de tempo para sentar na frente da TV e ligar o aparelho, aquele ritual todo. A minha vida hoje é bem atarefada e minha agenda está mais apertada que jeans de funkeira. Trabalho, estudo, stand up, namorada, amigos. Contrariando ao clichê do blogueiro eu tenho uma vida social agitada até demais.



Por isso tenho um paraíso de diversão garantida no meu notebook. Tenho ali os mais improváveis jogos que puder imaginar, em ROMS separadas direitinho por pastas e catalogadas como se fossem os telefones das ex-namoradas e ficantes naquele caderninho negro que todo homem tem. Tudo com muito carinho, porque a emulação é a forma que tenho de exercer meu hobby e minha paixão, que são os jogos de vídeo game.
Principalmente, os jogos antigos, da geração que mais me marcou:  8 e 16 bits. Podemos até pensar que na 32 bits eu estava presente, e estava mesmo, com meu Playstation quadradão, que mal cabia no hack da sala. Na verdade, eu acompanhei bem de perto até a geração do Nintendo 64. Depois disso eu perdi o fio da meada, as coisas foram rápidas demais e eu já estava obrigado a ter um emprego e não tinha mais tempo para jogatinas por noites à fio. E é claro, arrumei minha primeira namorada, o que explica muita coisa.
Mas eu desviei o raciocínio aqui. Comecei a escrever para falar sobre uma coisa que sempre fazia meus fins de semana divertidos: Jogatinas madrugada adentro e alugar jogos.
Bom, eram épocas mais difíceis, mas bem mais divertidas. Pode parecer absurdo pra você ai que está lendo isso no seu computador, acostumado a navegar enquanto baixa um filme para seu HD. Eu mesmo, como já disse, tenho gigas e gigas de ROMS de games no meu PC. Sem contar meus filmes e séries, que não podem faltar, tudo na base do “deixar ali baixando enquanto faço outras coisas”.
Porém, amigo molecote imberbe, nem sempre tudo foi tão EASY. Na verdade, era very very hard.
Como já contei em outra matéria, eu tinha / tenho um amigo de infância , Ygor, que foi um de meus maiores parceiros de games até hoje. E conheci ele por causa do Master System que eu tinha na época. Naquela época era assim: Voce precisa sair de casa pra conseguir novos jogos, ou “fitas”. Aqueles cartuchos eram como troféus, e devido à idade avançada do Master System naquela época, era ainda mais raro encontrar uma fita para o console da Sega. Tínhamos duas opções: Ou se conhecia alguém e a coisa funcionava na base do “te empresto meu Sonic, voce me empresta Moonwalker”, ou voce alugava jogos nas disputadas “locadoras de video game”.
Deixe-me explicar uma coisinha. Estávamos na metade dos 90, e era já a geração 16 bits. Eu nasci em 87, entao minha infância se deu justamente na década do Tetra e dos Mamonas Assassinas. Acontece que minha família não dispunha de muitos recursos financeiros, e eu estava sempre um passo atrás na evolução dos consoles: Enquanto os vizinhos ganhavam seus Super Nintendos e Mega Drives de Natal, naquele dezembro de 96 o Papai Noel me trouxe um estiloso, cinza, fodástico e compacto Master System III, com o Sonic: The Hedgehog na memória. Jogo esse que foi meu único jogo até algum tempo depois, quando conheci outros. Sim, haviam outros meninos espalhados pelo globo que ainda não haviam evoluído para os 16 bits. Até então, meu sonho era poder jogar todos aqueles joguinhos que eram mostrados na parte de trás da caixa (risos).


Inônico é pensar que HOJE EM DIA tenho condições de comprar os videogames mais modernos, mas não tenho tempo de jogá-los.
Outra coisa que ajudou bastante minha vida foram as LOCADORAS DE VIDEO GAME, que abriram como uma febre em minhas cidade naquela época. Foi nessa época que conheci o tal Ygor e seu cartucho do Indiana Jones. Um jogo que até hoje eu tenho calafrios de pensar, devido à seu “time” para completar a fase. Era frustrante perder toda hora não por haver morrido, mas porque a porcaria do tempo acabou.
Mas além dessa loucura divertida que era descobrir que um cara lá no bairro tal tinha uns cartuchos de Master, e ir atrás dele, e fazer amizade, e trocar jogos, e criar “clubinhos” e etc, havia agora a oportunidade de alugar um jogo, levar pra casa, se trancar no quarto e passar a madrugada jogando. O Ygor e eu, mais alguns outros vários moleques (para terror absoluto de minha mãe) fizemos isso diversas vezes. Era muito divertido. Alugávamos um cartucho, sempre no fim de semana (pra poder entregar só na segunda) e nossa missão era zerar o joguinho antes da data de entrega. Para tanto iam-se madrugadas inteiras revezando o controle. Nesse esquema, nós zeramos vários jogos épicos do console, como o Black Belt, Super Mônaco, After Burner e Alex kidd.
Até que descobrimos o jogo que mudaria o rumo das coisas:
Ys: The Vanished Omens”. (musiquinha épica no fundo). Se voce ainda não sabe que jogo é esse, ou nunca ouviu falar nisso, eu escrevi uma matéria recentemente sobre ele.
Esse jogo consumiu horas e horas de minha vida e de meu sono, consumiu nosso frágil intelecto daquela época. Foi preciso alugarmos várias e várias vezes o cartucho lá na LANTERNA MÁGICA (locadora que existia, a única com o jogo disponível, e ficava do outro lado da cidade).
Mas todo fim de semana, era a mesma coisa, o mesmo problema: Nós conseguíamos as devidas permissões para um dormir na casa do outro, daí montávamos o acampamento e providenciávamos nossas provisões (salgadinhos e refrigerante), atravessávamos a cidade para a tal locadora e pagávamos a locação da fita até a próxima segunda. Com nossa grana, fazíamos uma vaquinha pra isso. Era engraçado, era sadio e divertido, tudo era uma aventura. Pegar o ônibus, alugar a fita, voltar, comprar as provisões, conseguir autorizações dos pais pra dormir fora de casa, etc ect etc.
Daí chegava o grande momento, colocar a fita no console e desbravar aquele mundo inóspito para mais uma madrugada de aventuras e jogatina.
MAS CADÊ NOSSOS SAVES?
Uma coisa muito comum em locadoras, é quando voce aluga um jogo mais longo, voce salva o progresso na fita. Mas voce tem que devolver pra locadora. Daí o próximo a alugar vai... adivinha.... gravar por cima ou apagar a merda do seu SAVE!
Foi assim umas tres semanas, tendo que reiniciar o game. Sério que devemos ter jogado a primeira etapa do jogo umas 5 ou 6 vezes. Sabíamos tudo de cor e salteado.
Foi então que minha mente maquiavélica infanto-juvenil teve a mais sagaz, brilhante e contraventora idéia que uma criança jamais teve na história:
DECIDIMOS TROCAR OS CHIPS DOS CARTUCHOS E ROUBAR O YS PRA  GENTE.
Foi ideia de criança, idéia de gerico, coisa de moleque. A intensão não era roubar, tampouco cometer um crime. Foi a coisa mais inocente que já fiz em toda a minha vida. Talvez a única, de fato.
E antes que algum moralista venha me chatear dizendo que a blablablablablablablabla, eu vou dizer que eu não me arrependo nem um pingo disso e eu tinha uns 15 anos mais ou menos.
Foi mesmo uma idéia cretina e até hoje imagino a cara do moleque que alugou a fita em seguida, colocou o cartucho no console e tcharããã.... TOM and JERRY!
HAHAHA.

Bons tempos.

Voce que baixa jogos da NET não faz a menor idéia do que é ser feliz.